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Do Tarot à Europa

Atualizado: 13 de out. de 2022

Cartas que mudaram nossa vida e nos apresentaram para TDF, GoT & Enkhuizer Zeevaartschool


Setembro de 2022:

Em meio às cores, risos e abraços durante o Gathering of Tribes, festival de comunidades regenerativas em Portugal, Chris e eu nos olhamos e nos perguntamos: "Como mesmo viemos parar aqui?"


Às vezes é legal lembrar quais portas se abriram, quais decisões tomamos, quais caminhos se apresentaram e quais as pessoa que apareceram repentinamente e mudaram o rumo da nossa vida. Nos faz apreciar a magia de estarmos abertos e presentes para observar os novos sinais que a vida nos traz.


Afinal, planos existem para serem mudados.

Junho de 2022


Tudo começou com cartas.

Não falo do baralho e nem das cartas que enviamos pelos correios.

E sim das cartas de um jogo mágico chamado Tarot.


Você acreditando ou não nelas, tudo que posso compartilhar é que foi a partir de uma leitura de Tarot que mudamos totalmente de rota.


Estávamos em São Paulo, não conseguíamos vender nosso barco, com desafios financeiros e um monte de dúvidas sobre como seguir rumo Volans (nome que demos para nosso próximo barco). Em meio à essa crise, resolvi dar de presente para o Chris uma sessão com Marinice, uma taróloga braba bruxona e poderosa.


Foram muitas as revelações daquela leitura, mas vou compartilhar as duas principais, que foram o impulso para tomarmos decisões que mudaram nossa vida:

A primeira foi em relação à venda de Mintaka. Até o dia daquela sessão, quase nenhum comprador estava aparecendo para nós. Não conseguimos entender por que, afinal, Mintaka é um barco INCRÍVEL e existem poucos como ela no mercado. Nossa expectativa era que fossemos vender em menos de um mês. Doce ilusão, seis meses depois ainda estávamos aguardando, as cracas no casco de Mintaka só cresciam e nós seguíamos pagando a vaga no Iate Clube Aratu - na Bahia.


Logo nas primeiras cartas que Marinice tirou, lá vem a notícia: "vocês estão casados com esse barco, e enquanto não se desvincularem energeticamente dele, não irão vender". Passou uns rituais para a gente - coisa doida, magia da boa - e não deu outra: dois dias depois chegou uma proposta, e no final da mesma semana tínhamos o dinheiro na nossa conta e os documentos transferidos.


Pode ser coincidência ou não, mas o que importa é que funcionou. E ainda atraiu uma família LINDA para morar na nossa amada antiga casa flutuante. Era tudo o que sonhávamos.


Agora o capítulo de 4 anos chamado Mintaka terminou, e estávamos prontos para nos entregar por completo para um novo ciclo.


Desse dia em diante, voltamos a pesquisar loucamente na internet barcos grandes e antigos à venda na Europa. E foi assim que conhecemos Jan, um simpático holandês dono da Tallship Company. Marcamos uma conversa via zoom e contamos tudo sobre nosso sonho e projeto para ele.


De duas uma: ou ele nos considerou muito loucos, ou muito ingênuos por querermos migrar de um veleiro de 33 pés para um de 140, sem nunca termos sequer velejado em um barco desse porte.

Assim, sabiamente Jan nos aconselhou: "se vocês realmente estão levando à sério esse sonho, vocês deveriam estudar na Enkhuizer Zeevaartschool na Holanda". Instantes depois que a ligação havia acabado, já estávamos enviando um email para a escola para nos informarmos sobre inscrições.


A Enkhuizer Zeevaartschool é a maior (e até onde sabemos, a única) escola de navegação tradicional para Tallships na Europa. Ao participar do curso chamado KZV, teremos daqui um ano a licença necessária para navegarmos em barcos comerciais de até 500 toneladas.


Em menos de uma semana, já estávamos matriculados não só no KZV, como também nos cursos de Primeiros Socorros, Segurança a bordo e Bosun (que compila uma série de habilidades manuais necessárias para morar em um barco, como soldagem, manuseio de cabos ou costura de velas).


Até aquele instante nosso plano era voltar pra Bahia. Que bom que a vida é surpreendente!


Uma surpresa que transformou Bahia em Holanda.

A segunda porta que aquela leitura de Tarot nos abriu, acrescentou um ponto para aterrisarmos na Europa, antes de seguirmos para a Holanda. Esse ponto sagrado se chama Portugal, onde tivemos o privilégio de nos conectar com seres incríveis que já fazem parte desse sonho que vos fala.


Acontece que Marinice é companheira de Daan, que é um dos fundadores da Gaia Net. Ela nos conectou com ele, que nos conectou com um grupo de amigos que se juntaram para a expedição "Aventura Templária", com o objetivo de cruzar o atlântico de Portugal para o Brasil.


Um dos integrantes dos "Novos Templários" era Michal. Um lindo ser humano, polonês, de alma pirata, que estava naquele momento trabalhando no TDF, uma comunidade incrível em Portugal. Ele nos convidou para participar do evento que eles fariam por lá, para escrever de forma colaborativa um livro sobre comunidades regenerativas, e junto desse convite, apareceu também o festival Gathering of Tribes, um encontro das tribos à serviço da regeneração do ser e do Planeta.


Mais uma vez, a decisão foi rápida, porque veio direto do coração - impossível não aceitar os chamados que vêm de lá. Queríamos estar perto daquelas pessoas, aprender sobre regeneração e conectar comunidades em terra através do mar. É pra lá que fomos!

Setembro de 2022:


Chegamos em Portugal e caímos de paraquedas nesse lugar chamado TDF.


Uma bela terra, um tanto quanto quente e seca, com solo fértil para sonhos e colaboração humana, cercados de ovelhas fofas e regados de energia de inovação, revolução e claro, amor.



Conservada pela rede OASA e organizada como DAO, TDF (Traditional Dream Factory) é o primeiro protótipo de vila regenerativa para desenvolver uma nova forma de viver em afinação com a natureza e a criatividade humana.


Os membros da TDF acreditam que seres humanos são amor por natureza, e por isso estão comprometidos em promover a biodiversidade, a restauração dos ciclos da água, a regeneração dos solos e a das almas.


Eles acreditam que a criatividade é nosso maior patrimônio e que podemos canalizar nossa inteligência coletiva para a regeneração planetária. Acreditam no uso da tecnologia para o bem e na substituição de proprietários por cuidadores e guardiões.


Eles acrescentam:

"Estamos aqui para re-imaginar como viver juntos. Uma nova Terra está nos esperando. Neste novo planeta, somos os capitães de nossa nave. Neste novo mundo, prosperamos promovendo a biodiversidade e estando a serviço do ecossistema maior do qual fazemos parte. Devemos reaprender a fazer parte da Natureza e a respeitar os seus ciclos delicados."

Não preciso nem comentar mais, pois claramente foi absolutamente mágico estar com eles. Literalmente explosão de inspiração e criatividade, ideais e trocas que expandiram nossas bordas, mentes e corações.




Fiquei impressionada com a forma caótica e ainda assim eficaz de colaboração descentralizada e criação de projetos na TDF. Talvez um CEO tradicional e conservador enlouqueceria ali (que bom). A falta de estrutura rígida e planos concretos fazem com que muitos naufraguem em si mesmos. Mas o modelo de "stewardship" (guardiões), de comunicação aberta a partir de necessidades, de liderança colaborativa que parte da autorresponsabilidade e da arquitetura dos talentos ali presentes, é pra mim muito mais eficiente, eficaz e FELIZ que a forma que 80% (número aleatório que inventei agora) do mundo ainda trabalha.


Um exemplo prático da criatividade e colaboração colocada em prática nos dias que estivemos lá, foi o nascimento do livro: "Guia para os Construtores de vilas regenerativas", que eles escreveram juntos (um primeiro rascunho) em menos de uma semana. Surreal.


Não demorou muito para nos apaixonarmos por aquelas pessoas e pelo espírito inovador e inspirador que irradiava de cada um ali.

Era tudo que precisávamos e queríamos, para expandir nosso sonho dos Piratas e aumentar nossa tripulação do amor.





Para melhorar a dose de inspiração, partimos de TDF direto para o Gathering of Tribes, que nesse ano aconteceu em uma sagrada terra guardada pelo coletivo Skanking Farmers.


O GoT é um festival totalmente participativo e cocriador inspirado nos encontros ancestrais tribais, feiras medievais,"unconferences" e no Burning Man. Uma vila temporária criada para reunir diferentes comunidades e seres, para nos conecta e aprender, celebrando e expandindo o movimento regenerativo pelo mundo.


Participamos de workshops, conhecemos um tantão de gente inspiradora, tivemos trocas profundas, libertamos nossas crianças interiores, fizemos guerra de lama, abraços coletivos, e dançamos até os joelhos doerem.


Quero especialmente comentar sobre a guerra de lama, que foi parte do lançamento da nossa jangada, e talvez o momento mais inesquecível do festival para mim. Construída por nosso capitão Chris junto do time TDF, a jangada e sua bandeira de ovelha foram levadas no primeiro dia pela manhã para o batismo no rio. Todos pelados, lama para todos os lados, brincando como crianças e celebrando a vida.


Esse definitivamente foi um dos maiores aprendizados com a família TDF, e que levarei para sempre comigo: "Lembre-se de brincar".


Nossa jangada, a invasão pirata, a guerra de lama, a diversão nu


Empreender, criar, inovar, regenerar, curar, evoluir, amar, são missões que nos unem ali. Mas aprendi que brincar é parte fundamental também de uma jornada espiritual enquanto na matéria, pois sim: é muito fácil virarmos adultos sérios, chatos e reprimidos. Com os pés na terra e o coração aberto, ali aprendi a olhar o mundo como uma criança curiosa, pronta para expressar sua espontaneidade no aqui e agora. Tem algo mais espiritual que isso? Pura presença. Puro amor.


Chris e eu aproveitamos a programação aberta, para oferecer um workshop nosso, chamado "Jogo do Desejo". Reunimos dinâmicas de consentimento somático, trabalhando comunicação, expressão de desejos e limites, e criando um espaço seguro e divertido para práticas de sexualidade consciente.


Grupo reunido pós nosso workshop "Desire Game"


Também tivemos muitas trocas sobre nossos próximos passos dos Piratas do Amor. Conhecemos pessoas apaixonadas pelo mundo tech, que nos abrirem portas para pensamos na nossa governança pirata através de um sistema de DAO - como TDF e OASA fazem, por exemplo. Conheça aqui o Green Paper do OASA.


Também sonhamos sobre o nosso futuro barco, e começamos a desenhar o que poderá ser nossa primeira expedição-protótipo em um Tallship, em setembro do ano que vem.


Reunião e brainstorming pirata no GoT


Como é lindo sentir que nosso sonho está expandindo, que nossos valores e princípios estão ficando mais claros e sólidos, e que nossa tripulação e família pirata está crescendo.



Alguns dos seres lindos que conhecemos ali. Todos devidamente vestidos de piratas do amor agora.


Se vamos voltar?


Com certeza. Portugal nos encantou e ganhou um canto especial em nossos corações.


Mas mais que voltar, o importante é que agora seguimos nosso caminho mais bem acompanhados que nunca!

Obrigada TDF, Obrigada Oasa, obrigada Gathering of Tribes, Rebuild e Skanking Farmers. Vocês nos preencheram de esperança e amor para seguirmos navegando.


Nos sentimos mais comprometidos que nunca com nosso sonho de criar um espaço de aprendizado radical no mar, para praticarmos uma cultura regenerativa e baseada no amor.


Enkhuizen nos espera: bora aprender a navegar barcos de mais de 50metros para podermos criar e viver junto dessa galera linda no mar.


Ahh, e se alguém te convidar para uma boa sessão de Tarot, não exite. Pode mudar sua vida, trocar os rumos, e te apresentar novas formas de amar e viver.



Chris na cadeira mágica durante o GoT




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